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Bolsonaro defende ditadura e diz para ministros do STF calarem a boca; veja vídeo
03/05/2022 22:30 em NOTÍCIA
BRASÍLIA Em tom eleitoral em cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) mais uma vez atacou nesta quinta-feira (31) ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Sem citá-los nominalmente, mandou calarem a boca e botarem a toga.
 

Bolsonaro defendeu ainda a ditadura militar, que faz nesta quinta-feira 58 anos, e o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), que estava na plateia.

"E nós aqui temos tudo para sermos uma grande nação. Temos tudo, o que falta? Que alguns poucos não nos atrapalhem. Se não tem ideias, cala a boca. Bota a tua toga e fica aí. Não vem encher o saco dos outros", disse, em referência a ministros do STF, que usam toga.

O presidente Jair Bolsonaro (PL)
O presidente Jair Bolsonaro (PL) - Adriano Machado/Reuters

Um dia antes, Bolsonaro já havia feito ameaças ao Judiciário. No Rio Grande do Norte, disse que os votos das eleições serão contados, sem explicar como, já que o voto impresso foi derrubado pelo Congresso em meio a discursos golpistas do presidente da República.

 

"O povo armado jamais será escravizado. E podem ter certeza que, por ocasião das eleições de 2022, os votos serão contados no Brasil. Não serão dois ou três que decidirão como serão contados esses votos", disse, em referência a Luís Roberto Barroso, ex-presidente do TSE; Edson Fachin, o atual; e Alexandre de Moraes, que será presidente nas eleições.

Nesta quinta-feira, em outro trecho do discurso, Bolsonaro falou de "inimigos que habitam a região [da praça] dos Três Poderes", sem citar diretamente ninguém. Desde o início do mandato, o presidente tem atacado sistematicamente o Judiciário, em especial o Supremo.

 

Sem citar nominalmente a ministra Rosa Weber, do Supremo, que decidiu não arquivar a investigação da compra da Covaxin, criticou-a.

"A PF diz que não tenho nada a ver com a vacina que não foi comprada, mas uma ministra [diz] ‘não, não vou arquivar’. Isso é passível de detenção do presidente. O que essas pessoas querem? O que têm na cabeça?".

O chefe do Executivo mencionou, duas vezes, o seu aliado Daniel Silveira. O parlamentar bolsonarista foi à cerimônia sem tornozeleira eletrônica e colocou o dispositivo na tarde desta quinta, após resistir à decisão do ministro Alexandre de Moraes.

"Não pode conselheiros o tempo todo [dizerem], "calma, espera o momento oportuno". Calma é o cacete, pô", disse o presidente exaltado.

"É muito fácil falar ‘Daniel Silveira, cuida da tua vida. Não vou falar isso. Fui deputado por 28 anos. E lá dentro daquela Casa, com todos os possíveis defeitos, ali é a essência da democracia também", afirmou.

No outro momento em que falou do parlamentar, foi no começo do discurso, em meio a uma defesa da ditadura militar. Em 2018, ele ganhou eleição ao defender repetidas vezes o golpe e exaltando seus presidentes. Recentemente, voltou à temática.

"[Na ditadura] todos aqui tinham direito, deputado Daniel Silveira, de ir e vir, e sair do Brasil, trabalhar, constituir família, de estudar", afirmou.

O regime enaltecido por Bolsonaro teve uma estrutura dedicada a tortura, mortes e desaparecimento.

Os números da repressão são pouco precisos, uma vez que a ditadura nunca reconheceu esses episódios. Auditorias da Justiça Militar receberam 6.016 denúncias de tortura. Estimativas feitas depois apontam para 20 mil casos.

Presos relataram terem sido pendurados em paus de arara, submetidos a choques elétricos, estrangulamento, tentativas de afogamento, golpes com palmatória, socos, pontapés e outras agressões. Em alguns casos, a sessão de tortura levava à morte.

O presidente também voltou a dizer que Castello Branco chegou à Presidência, em abril de 1964, pelo Congresso, sugerindo que a eleição ocorreu dentro da normalidade.

Bolsonaro já defendeu esta versão em outras ocasiões, mas ignora que antes do pleito indireto houve um golpe e diversos parlamentares foram cassados. O militar ainda era candidato único ao cargo.

Mais tarde na quinta, o ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto, disse que as Forças Armadas atuam dentro da "legalidadade".

"A sociedade brasileira sempre contou e poderá contar com o comprometimento das Forças Armadas para atuarmos dentro da legalidade e com legitimidade, como vetores de estabilidade institucional para o fortalecimento da democracia, da liberdade e da paz social", disse, durante cerimônia de passagem do comando do Exército.

Braga Netto deixou a Defesa nesta quinta e deve ser candidato a vice na chapa encabeçada por Bolsonaro. O substituto na pasta deve ser o general Paulo Sérgio Nogueira, que estava à frente do Exército. O novo comandante do Exército é o general Marco Antônio Freire Gomes.

Sem citar Jair Bolsonaro, o presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) afirmou também nesta quinta-feira (31) que a defesa da democracia "não permite retrocessos" e criticou "flertes, mesmo que velados" com posições autoritárias.

"A defesa da democracia não permite retrocessos", escreveu Pacheco em rede social.

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