O PSOL irá oficializar o apoio à pré-candidatura do ex-presidente Lula (PT) ao Planalto no próximo sábado (30). A formalização da aliança, dada como certa entre os dois partidos, ocorrerá por meio de votação.
Mesmo com um certa resistência, a vitória do apoio a Lula, encabeçada por Guilherme Boulos (PSOL), já é aceita mesmo entre os que vão votar contra. Os discursos à esquerda do ex-presidente têm criado cada vez mais adeptos dentro do PSOL.
O PSOL já havia formado federação com a Rede Sustentabilidade, embora o estatuto preveja independência na definição dos apoios. Sob liderança do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), um evento hoje com lideranças do partido irá manifestar apoio a Lula, mas não terá a presença da ex-ministra Marina Silva nem valor estatutário. Na próxima terça (3), o Solidariedade, comandado pelo deputado Paulinho da Força (SD-SP), se reúne para também discutir posicionamento nas próximas eleições.
A votação do PSOL será realizada em uma convenção eleitoral fechada em São Paulo, entre a manhã e a tarde de sábado. O apoio é tão certo que membros da campanha de Lula já confirmaram que o ex-presidente deverá participar de um ato ao final da tarde junto às lideranças do partido para marcar a aliança.
Puxado por Boulos, o partido já vem dialogando pontos programáticos com o núcleo de Lula desde o ano passado. O próprio presidente do PSOL, Juliano Medeiros, participou dos encontros.
No entanto, há um núcleo dentro do partido, formado em especial nos diretórios de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, que acredita que o PSOL deveria mais uma vez lançar candidato próprio para, depois, aderir à candidatura de Lula.
Diferente da origem, quando fundadores como Heloísa Helena (hoje na Rede) e Babá (PSOL-RJ) haviam rompido determinantemente com o PT, o motivo para a recusa hoje é mais pragmática: fortalecer bandeiras próprias e evitar que o partido seja "engolido" pelo PT.
Por outro lado, os discursos mais recentes de Lula, desde que embarcou na pré-campanha, com fortes falas à esquerda e promessas de nova legislação trabalhista, revogação do teto de gastos e taxação de grandes fortunas, têm convencido cada vez mais os psolistas.
Mesmo os que votam contra já entendem que há maioria plena para aprovação. De acordo com apuração, a expectativa é que o apoio vença com 65% a 70% dos votos.

Vaga na chapa majoritária
Além de um apoio à candidatura do psolista à prefeitura paulistana em 2024, proposto pelo PT desde o ano passado, o partido também espera uma vaga na chapa majoritária —seja como vice, seja ao Senado.
Tudo depende, o PSOL reconhece, do acordo do PT com o PSB, que irá compor a chapa ao Planalto com Geraldo Alckmin como vice e ainda tem o ex-governador Márcio França (PSB) como pré-candidato no estado.
Na última terça (26), Medeiros e Boulos se encontraram com a deputada Gleisi Hoffman (PT-PR), presidente do partido, e com o ex-ministro Aloízio Mercadante (PT), que participa da coordenação da campanha de Lula, para sugerir 12 pontos programáticos essenciais para o PSOL.
-
Revogação da reforma trabalhista e do teto de gastos
-
Enfrentamento à crise climática
-
Reforma Tributária em que os pobres paguem menos e os ricos paguem mais
-
Democracia direta, participação popular, transparência de gestão e combate à corrupção
-
Aumento real do salário mínimo
-
Retomada do controle público da Petrobras
-
Investimento em promoção de direitos sociais
-
Reforma agrária agroecológica e reforma urbana
-
Democratização da comunicação, com expansão do acesso à internet
-
Mais direitos para as mulheres
-
Combate à violência policial e ao encarceramento em massa da população negra
-
Políticas contra a LGBTIfobia
-
Lucas Borges Teixeira e Nathan Lopes
Do UOL, em São Paulo
28/04/2022 04h00