As fronteiras estão abertas, países estão diminuindo as restrições de entrada dos turistas e o dólar está caindo desde o início do ano. Estas situações criam um cenário animador para o turismo, de acordo com especialistas ouvidos pelo. A expectativa é de que mais pessoas façam viagens ao exterior e que o volume chegue próximo ao registrado pré-pandemia.
"Para nossa completa felicidade, a retomada vem bem forte. Ainda não é de maneira linear, o que significa que vemos picos e vales que variam de acordo com as notícias sobre a pandemia. Esperamos chegar ao final do ano com o mesmo volume de viagens domésticas de 2019 e pouca coisa abaixo de 2019 para as internacionais", afirma Daniela Araújo, diretora de Sourcing Air da Decolar.
A recente queda do dólar é um dos motivos para o otimismo do setor. "As viagens internacionais sofreram com o aumento do dólar no ano passado, mas a queda recente ajuda a aquecer o setor", afirma Araújo.
Viviane Piovarcsik, gerente executiva de vendas da CVC, diz que a procura por viagens internacionais aumentou 50% em março em comparação a fevereiro deste ano.
"O impacto da queda do dólar é altamente visível. O consumidor que está planejando uma viagem internacional não toma a decisão por impulso. Normalmente começa a pesquisar preços e se organizar com pelo menos seis meses de antecedência. Quando a cotação da moeda cai, a compra da viagem acaba sendo mais atrativa", diz Piovarcsik.
Depois de subir pouco mais de 7% em 2021, o dólar já caiu cerca de 15% neste ano. Mas não é só o dólar que tem seu papel para reaquecer as viagens para fora do Brasil. A diminuição de restrições está fazendo com que os brasileiros se sintam mais seguros de voarem ao exterior.
"Antes o foco estava nas viagens nacionais, mas neste último trimestre vimos que muitas restrições estão deixando de existir nos países. Elas acabavam inibindo algumas viagens, mas agora o mundo está de portas abertas de novo e isso acaba incentivando o consumidor a voltar a fazer viagens internacionais", afirma Piovarcsik.
Algumas tendências identificadas pela Decolar na hora da compra são optar por pacotes de viagens, que costumam ter preços mais atrativos, e a preferência por tarifas flexíveis, que permitem cancelamento ou mudança de data se necessário sem cobranças adicionais.
Alguns destinos nunca saem de moda e devem continuar disputando a preferência dos brasileiros em 2022. É o caso de Orlando, Miami, Lisboa e Cancún, de acordo com a Decolar. Para a CVC, os brasileiros também devem aproveitar a temporada de ski, principalmente em Bariloche, e o verão europeu.
A novidade deste ano, para Araújo, é que os brasileiros estão buscando mais destinos internacionais próximos, para uma "escapada" de menos dias. É o caso de Montevidéu, no Uruguai, Lima, no Peru, e Buenos Aires, na Argentina.
"O que percebemos é um interesse pelos destinos clássicos, que sempre são procurados por brasileiros, mas estão aparecendo cada vez mais destinos mais próximos do Brasil, como o Chile, Argentina e Peru. Saindo de São Paulo, é mais rápido chegar a Buenos Aires do que a Fortaleza, por exemplo", afirma Araújo.
Uma pesquisa feita pelo buscador de viagens Kayak mostra que os mais buscados em março foram Lisboa, Buenos Aires, Orlando e Miami. Veja a lista dos 20 destinos internacionais mais buscados e o crescimento das buscas em março em comparação a janeiro:
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Buenos Aires (Argentina): 703%
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Orlando (Estados Unidos) 738%
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Miami (Estados Unidos): 662%
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Nova York (Estados Unidos): 580%
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Londres (Reino Unido): 614%
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Barcelona (Espanha): 548%
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Los Angeles (Estados Unidos): 614%
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Bariloche (Argentina): 760%
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Punta Cana (República Dominicana): 568%
Apesar do cenário otimista do setor, viajar está mais caro. O preço das passagens para Barcelona, por exemplo, subiu 32% em março em comparação a janeiro, custando R$ 4.541.
Dos 20 destinos mais buscados, Bariloche foi o único que teve uma diminuição de preço das passagens (-3%), que custavam R$ 2.735 em março. O destino é considerado uma das apostas para esta temporada de ski, de acordo com a CVC.
"Há muitas variáveis que podem influenciar o preço das passagens aéreas: oferta e demanda; comprar para a alta ou para a baixa temporada; planejar com antecedência ou em cima da hora; reconfiguração das malhas aéreas; preço do combustível de aviação; variação cambial", afirma Gustavo Vedovato, Country Manager do Kayak no Brasil.