No encontro, a dirigente pretende tratar do apoio no primeiro turno, embora internamente líderes petistas reconheçam ser difícil isso se consolidar.
"Os partidos têm legitimidade e dever de procurarem se fortalecer, se não, por que existiriam? Admiro a disposição de Kassab de organizar e fortalecer um partido. É o que faço como presidenta do PT", diz Gleisi.
Kassab tem dito em conversas reservadas nos últimos dias que ter uma candidatura própria é uma diretriz do partido. Com o fim da janela partidária, a solução terá de ser caseira, isto é, por alguém que já esteja no PSD.
Um nome citado como opção para a candidatura presidencial é o do próprio Kassab. Políticos, porém, consideram remota a possibilidade desse cenário.
O presidente do PSD já teve ao menos duas investidas nacionais fracassadas após naufragar o desejo de filiar o ex-governador Geraldo Alckmin para a disputa ao Governo de São Paulo —o ex-tucano se filiou ao PSB e deve ser o vice na chapa de Lula.
Após a negativa de Pacheco, Kassab buscou filiar o então governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB-RS) à sigla com o propósito de ser candidato à Presidência.
Na semana passada, o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung também sinalizou que declinaria um eventual convite para se filiar e ser candidato pelo partido, segundo integrantes do PSD. Hartung era citado como uma opção para a função.
Mesmo assim, o presidente do PSD garantiu a correligionários em conversa nesta semana que não tomará partido entre Jair Bolsonaro (PL) ou Lula no primeiro turno e que a legenda seguirá em busca de mais um nome ao Planalto, o quarto.
A prioridade do dirigente partidário para 2022 é eleger uma bancada robusta no Congresso. Nas conversas com integrantes do PT, ele tem estabelecido como meta eleger cerca de 20 senadores e 45 deputados — hoje ele tem 11 senadores e subiu de 35 para mais de 40 deputados após o troca-troca.
A decisão de não apoiar Lula no primeiro turno também evitaria um racha dentro do PSD, que tem tanto apoiadores do petista como aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Alguns cardeais do partido, inclusive, já declararam voto. Os senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Otto Alencar (PSD-BA), por exemplo, afirmam que vão votar em Lula.
Para o PT, uma aliança com o PSD significaria mais espaço na propaganda eleitoral e a atração de um partido de centro à sua coligação.
O PT, porém, foi avisado desde o ano passado pelo próprio Kassab que ele pretendia ter candidatura própria no primeiro turno. O dirigente reafirmou a intenção em entrevistas públicas na semana passada.

Se o PSD definir um nome para lançar na disputa presidencial, o campo que quer ser alternativa à polarização eleitoral entre Lula e Bolsonaro ficará ainda mais disperso.
Com Sergio Moro, que se filiou à União Brasil sob pressão para não ser candidato à Presidência, estão no campo da chamada terceira via Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB-SP), a senadora Simone Tebet (MDB) e o deputado federal André Janones (Avante).
Eduardo Leite (PSDB-RS) também corre por fora para tentar se viabilizar. A ideia desses partidos é tentar escolher alguém até meados do ano para fazer frente a Lula e Bolsonaro.
Na semana passada, o campo sofreu abalos com duas movimentações relevantes.
O ex-juiz filiou-se à União Brasil sob pressão de ala do partido para desistir de disputar a Presidência e teve de ceder, mesmo que momentaneamente, para evitar que sua filiação fosse questionada e até mesmo inviabilizada.
Na sexta-feira (1º), porém, Moro recuou e afirmou que não havia "desistido de nada". Em seguida, outra ala do partido decidiu questionar a filiação do ex-magistrado.
Ou seja, indicando uma possível candidatura a deputado federal ou a senador. Aliados do ex-ministro, porém, dizem que sua pretensão presidencial continua de pé.