Os mais de 60 mil são-paulinos que estiveram presentes no estádio do Morumbi, na noite de hoje (30), saíram enlouquecidos com a proximidade de um bicampeonato paulista que não acontece há 30 anos. No primeiro jogo da final contra o Palmeiras, o São Paulo contou com Jonathan Calleri mais uma vez decisivo para vencer o rival por 3 a 1 e abrir uma boa vantagem na decisão.
O argentino foi responsável por abrir e fechar o placar no Morumbi. O jovem Pablo Maia, mais uma vez em chute de fora da área, fez o outro gol do São Paulo. Enquanto o Morumbi explodia com a vantagem, Raphael Veiga descontou, dando esperança para o Palmeiras de uma virada em casa.
Um dia antes do primeiro jogo da final, Rogério Ceni disse que o apoio da torcida seria importante para que o São Paulo equilibrasse a disputa contra o Palmeiras, apontado por ele como favorito. Um show desde antes de a bola rolar foi uma resposta ao pedido do treinador. O Morumbi explodiu a cada gol e tremeu na pressão dos são-paulinos a cada ataque do Palmeiras ou decisão da arbitragem.
O Palmeiras agora precisa juntar os cacos e tentar reverter a situação dentro de casa. O time de Abel Ferreira precisará vencer por três gols de diferença para ficar com a taça, ou por dois para levar o jogo para os pênaltis. O São Paulo pode perder por até um gol de desvantagem que sairá do Allianz Parque com o bicampeonato.
Depois de muita briga nos bastidores, o segundo jogo da final acontecerá no próximo domingo (3), às 16h (de Brasília), no Allianz Parque.
O camisa 9 mostra a cada partida a importância de sua contratação na temporada passada. Além dos dois gols decisivos para que o São Paulo fosse para o segundo jogo com uma situação confortável, Calleri foi fundamental para incomodar a defesa palmeirense. O argentino deu muito trabalho a Murilo e Gustavo Gómez.
O pior: Murilo (Palmeiras)
O zagueiro do Palmeiras teve uma atuação muito insegura, não conseguiu se antecipar em quase nenhum lance e, parecendo assustado, foi muito burocrático ao auxiliar a construção de jogadas. Calleri se impôs fisicamente e não deu respiro para o zagueiro. Para coroar a noite ruim, a bola ainda desvia nele no lance do segundo gol.
O São Paulo teve mais a bola por todo o primeiro tempo, mas o Palmeiras, mesmo acuado, soube administrar o volume do time da casa, sem correr riscos enormes. Até que, aos 49, numa jogada despretensiosa pela esquerda, Wellington cruzou e a bola bateu na mão de Marcos Rocha. O VAR chamou o árbitro Douglas Marques das Flores, que apontou o penal, bem cobrado por Calleri: 1 a 0.
Na segunda etapa, o Palmeiras teve ainda menos criação, e o São Paulo, senhor da partida, não demorou para transformar o volume em gol. Aos 19, Pablo Maia, sem marcação, aproveitou bola na entrada da área do Palmeiras e bateu forte para fazer 2 a 0. A bola desviou em Murilo e matou Weverton.
Com 2 a 0, o São Paulo recuou um pouco suas linhas sem a bola, mas seguiu agredindo quando a tinha. Aos 35, após chute de Pablo Maia que desviou em Murilo, o São Paulo chegou ao terceiro. Sem outro remédio que não diminuir o prejuízo, o Palmeiras fez o primeiro aos 40, em cobrança de falta pela lateral do campo. A bola bateu em Calleri antes de entrar.
O Palmeiras passou os minutos finais pressionando o Tricolor, tentando chegar ao segundo gol, mas o São Paulo se defendeu como e segurou o 3 a 1.
Veiga leva perigo após boa jogada pela esquerda
Foi aos 9 min que o Palmeiras bateu com muito perigo pela primeira vez. Atuando em dupla, com Piquerez mais espetado e Scarpa pelo meio, o Palmeiras dobrava para cima da defesa do São Paulo. Piquerez cobrou lateral, recebeu de volta e entrou driblando pela lateral da área. O cruzamento rasteiro veio na medida para Veiga bater de esquerda. A bola passou raspando a trave.
São Paulo responde em grande jogada de Igor Gomes
O Palmeiras adotou uma tática de marcação individual em Rodrigo Nestor, principal homem de construção são-paulina. Dessa maneira, coube a Igor Gomes ser o responsável por se deslocar e comandar as jogadas ofensivas do São Paulo.
Um dos alvos da torcida nos últimos jogos, o camisa 26 teve uma boa atuação no primeiro tempo e criou a principal jogada do São Paulo. Aos 11 minutos, Igor Gomes conduziu para o meio e inverteu, de trivela, para Welington. O lateral cruzou para trás, rasteiro, e Alisson finalizou. A bola resvalou no travessão antes de sair em tiro de meta.
Palmeiras chega com bolas invertidas
A tática do Palmeiras, além de chegar com facilidade, incluiu inversões de jogo. Quase sem olhar, Dudu e Raphael Veiga deram, da direita, dois bons passes longos para Piquerez receber na esquerda e chegar com perigo.
Pênalti polêmico coloca o São Paulo em vantagem
A partida já se encaminhava para o intervalo quando Alisson tentou o cruzamento e a bola desviou em Marcos Rocha. Imediatamente, os jogadores do São Paulo reclamaram de um toque de mão do jogador palmeirense.
O árbitro Douglas Marques das Flores mandou o jogo seguir, mas rapidamente pediu que os jogadores esperassem para reiniciar a partida e foi até o VAR. Acompanhado de perto por Abel Ferreira, o homem do apito reviu o lance e entendeu que o desvio de Marcos Rocha foi faltoso.
Na cobrança, Jonathan Calleri deslocou Weverton e abriu o placar para o São Paulo. O gol estremeceu o Morumbi e fez até com que um dos gandulas comemorasse dando cambalhotas.
Abel leva amarelo e auxiliar é escalado para protestar por ele
Abel Ferreira esteve agitado em todo o 1º tempo. Gesticulou muito e reclamou com a arbitragem ao ponto de ser amarelado pelo juiz, aos 34 min. Quando o VAR chamou o árbitro, aos 48 da primeira etapa, para verificar um possível pênalti, o técnico foi o primeiro a chegar para pressionar o juiz. Temendo levar o vermelho, Abel deixou a tarefa de reclamar com o juiz para o auxiliar Vitor Castanheira.
Talvez a principal mudança no time do São Paulo ao longo do Paulistão, Pablo Maia se mostrou decisivo mais uma vez. Já tinha sido dele um dos gols na vitória por 4 a 1 sobre o São Bernardo, nas quartas de final, com passe de Rodrigo Nestor e uma forte finalização de fora da área. Diante do Palmeiras, a receita se repetiu.
Depois de uma inversão de jogo de Igor Gomes, Rodrigo Nestor dominou dentro da área na direita, virou o corpo para trás e achou Pablo Maia completamente livre. Assim como contra o São Bernardo, o volante arriscou de longe. A bola desviou em Murilo e deixou Weverton sem chances de evitar o segundo gol são-paulino.
O São Paulo aproveitou as opções que o Palmeiras dava no primeiro tempo. A tática de marcação encaixada de Abel Ferreira fez com que a bola ficasse com mais espaço nos pés de Léo e Diego Costa, na defesa, e Igor Gomes, no meio de campo.
Foi assim durante quase todo o primeiro tempo. Dos pés de Diego Costa saiu uma perigosa falta para o São Paulo, aos 40 minutos. O zagueiro quebrou as linhas palmeirenses com um passe longo que achou Éder. O atacante girou sobre Gustavo Goméz e sofreu a falta. Na cobrança, Nestor chutou em cima da barreira.
Defensivamente, o São Paulo mudou no segundo tempo. Na vantagem no placar depois do gol de Jonathan Calleri, o time do Morumbi passou a se defender em uma linha de cinco defensores - em alguns momentos, até seis. Com dois blocos recuados, o Tricolor deixou o Palmeiras com poucas opções. Na maior parte do tempo, a equipe de Abel Ferreira tentava lançamentos longos, facilmente cortados pela defesa.
Mesmo mais recuado, o São Paulo aproveitou as chances que teve. Em jogadas laterais, o time de Rogério Ceni construiu a vantagem com gols de Calleri e Pablo Maia.
Acuado pelo volume do São Paulo, o Palmeiras teve alguns bons momentos no primeiro tempo, com bolas invertidas para seus alas. Com Veiga e Dudu muito marcados, o time criou pouco, e Marcos Rocha foi quem teve a bola nos pés por mais tempo.
Na segunda etapa, a falta de criação continuou sendo a tônica do Palmeiras, que simplesmente não conseguiu encontrar maneira de se organizar e fazer uma mísera jogada pensada. O time abusou de bolas esticadas, que batiam na parede defensiva do São Paulo e viravam contra-ataques. O time acha um gol em falta despretensiosa pela lateral. Muito pouco futebol.
FICHA TÉCNICA
SÃO PAULO 3 X 1 PALMEIRAS
Motivo: jogo de ida da final do Paulistão
Data e hora: 30 de março de 2022, às 21h40 (de Brasília)
Local: Estádio do Morumbi (SP)
Árbitro: Douglas Marques das Flores
Auxiliares: Daniel Paulo Ziolli e Alex Ang Ribeiro
VAR: José Claudio Rocha Filho
Gols: Calleri (50'/1ºT e 35'/2ºT) e Pablo Maia (18'/2ºT), para o São Paulo; Raphael Veiga (39'/2ºT), para o Palmeiras
Cartões amarelos: Diego Costa, Jandrei, Patrick, Rodrigo Nestor, pelo São Paulo; Abel Ferreira, Gabriel Verón e Jaílson, pelo Palmeiras
Cartões vermelhos: -
São Paulo: Jandrei; Rafinha, Diego Costa, Léo e Welington; Pablo Maia, Rodrigo Nestor (Andrés Colorado), Alisson (Nikão) e Igor Gomes; Éder (Marquinhos) e Calleri. Técnico: Rogério Ceni.
Palmeiras: Weverton; Marcos Rocha, Gustavo Gómez, Murilo e Piquerez; Jailson, Zé Rafael (Atuesta), Gustavo Scarpa (Gabriel Verón) e Raphael Veiga; Dudu (Wesley) e Rony. Técnico: Abel Ferreira.