Mulheres (53% da amostra) temem mais as ruas de suas cidades no período noturno: 45%, ante 27% dos homens. Apenas 9% das entrevistadas se dizem muito seguras. Fazendo eco aos números de violência segmentados por raça, 42% dos pretos se sentem muito inseguros, ante 34% dos que se declaram brancos e 36%, de pardos.
A sensação de segurança também é maior no interior do país. Entre moradores de regiões metropolitanas, 48% se dizem muito inseguros à noite em suas cidades, número que cai a 28% em municípios interioranos.
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O instituto também quis saber agora, assim como fez em julho de 2005 e, já sob o governo de Jair Bolsonaro, em abril de 2019, o interesse do brasileiro sobre armas como forma de defesa pessoal.
O presidente é um cultor do armamentismo e faz disso uma de suas bandeiras, tendo flexibilizado diversas regras para facilitar o acesso do brasileiro a armas de fogo e munição. Como resultado, viu crescer o registro de portes e de armas, especialmente nas franjas com fiscalização mais opaca, como a dos chamados CACs (caçadores, atiradores e colecionadores).
Na infame reunião ministerial de abril de 2020, cuja divulgação do vídeo gerou intensa crise, Bolsonaro ficou famoso por dizer entre quatro paredes que considerava armar a população algo necessário para evitar tentações autoritárias. Ele repetiu o enunciado diversas vezes em público depois, levando à crítica de adversários de que buscava sim formar milícias em seu apoio.
Nada disso se reverteu em um maior interesse da população pelo tema em seu governo. Questionados se já pensaram em comprar uma arma para se defender da violência, 72% dizem que não, o mesmo índice de três anos (73%) atrás e oito pontos percentuais a menos do que no distante 2005.
Informados pelo Datafolha de que há flexibilizações de regras em discussão, 80% seguem dizendo que não têm interesse em comprar armas e 19%, têm, como em 2019 (20%). Entre aqueles que acham o governo ótimo ou bom, o número de interessados sobe a 32%.
Entre aqueles que têm armas em casa, homens (82%) são a maioria, com uma idade média de 47 anos. São moradores de regiões metropolitanas (56%), do Sudeste (52%), com renda acima de 5 salários mínimos (37%) e com nível superior (36%). Apoiadores do governo somam 9%.