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Rússia promete cessar-fogo e corredor; Ucrânia teme ação contra Kiev
Publicado em 07/03/2022 09:34
NOTÍCIA

A Rússia diz que fará um cessar-fogo a partir da manhã de hoje (7) e que abrirá corredores humanitários em algumas cidades ucranianas, como a capital, Kiev. O governo ucraniano, porém, teme que a ação possa ser uma estratégia para concentrar forças e fazer uma nova onda de ataques. A Ucrânia diz esperar uma batalha por Kiev nos próximos dias. O prefeito de uma cidade próxima à capital foi morto enquanto distribuía ajuda humanitária.

Esta segunda-feira é o 12º dia da invasão da Rússia ao território ucraniano. Para hoje, é esperada a terceira rodada de conversas entre as delegações russa e ucraniana em busca de entendimento. A reunião está marcada para começar às 11h, horário de Brasília, segundo o conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak.

Cessar-fogo

O Ministério da Defesa russo disse que suas forças iniciaram um cessar-fogo a partir das 10h de Moscou (4h de Brasília) hoje para permitir a evacuação de civis para Belarus ou Rússia. Moscou disse que abrirá corredores humanitários nas cidades de Kiev, Kharkiv, Mariupol e Sumy. Para a Ucrânia, a proposta russa é inaceitável, dizendo que os ucranianos devem poder permanecer no país, deixando as áreas de maior risco.

A iniciativa atende a um pedido do presidente francês, Emmanuel Macron, que conversou por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, no domingo (6), segundo o ministério.

A criação dos corredores humanitários para retirar moradores e permitir a entrada de medicamentos e comida em cidades cercadas havia sido combinada em uma reunião entre representantes ucranianos e russos na quinta-feira (3), em Belarus. O plano, porém, não funcionou no sábado e no domingo. Autoridades ucranianas afirmaram que os russos desrespeitaram o cessar-fogo temporário, enquanto o Kremlin culpou Kiev pelo fracasso da operação.

evacuação - Serviço de Emergências da Ucrânia - Serviço de Emergências da Ucrânia

Em Irpin, na região de Kiev, as pessoas são forçadas a atravessar o rio sob uma ponte que desmoronou após os ataques. Em duas horas, até duas mil pessoas deixaram a cidade, segundo a imprensa local.

Localizada a cerca de 300 quilômetros ao sul da capital, Pervomaisk também viu o movimento de saída da cidade, que teve o auxílio de membros da força policial ucraniana.

pervomaisk - Polícia Nacional da Ucrânia - Polícia Nacional da Ucrânia

Temor por Kiev

As forças armadas da Ucrânia afirmaram em um comunicado nesta segunda-feira que os militares russos estavam se preparando para invadir Kiev. Segundo o comunicado, os militares russos primeiro tentariam assumir total controle das cidades Irpin e Bucha, que ficam próximas de Kiev.

As forças do Kremlin estavam "tentando obter uma vantagem tática alcançando a periferia leste de Kiev, por meio dos distritos Brovarsky e Boryspil", segundo o o boletim ucraniano.

Vadym Denysenko, assessor do Ministério do Interior da Ucrânia, afirmou que "uma grande quantidade de equipamentos militares e soldados russos estão concentrados na proximidade de Kiev", citado pelo jornal Ukrayinska Pravda. "Avaliamos que a batalha por Kiev será uma batalha-chave que será lutada nos próximos dias", disse.

veículos - Serviço de Emergências da Ucrânia - Serviço de Emergências da Ucrânia

O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksiy Reznikov, disse que a intensidade das hostilidades diminuiu temporariamente "devido às enormes perdas sofridas pelo inimigo". "No entanto, os ocupantes russos estão tentando concentrar forças e recursos para uma nova onda de ataques", completou, citando Kiev e Kharkiv, a segunda maior cidade do país, como alvos em potencial para os russos.

"A capital está se preparando para a defesa. Peço a todos que mantenham a compostura. Esteja em casa, ou —ao soar o alarme— em abrigos", disse hoje o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko. "Kiev vai ficar de pé! Vai se defender!"

A partir de hoje, a capital terá o funcionamento das fontes musicais na Praça da Independência. "Todos os dias, elas irão tocar o hino da Ucrânia", diz a prefeitura de Kiev em comunicado.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL

Bombardeio

O serviço de emergências da Ucrânia registrou, na manhã de hoje, um bombardeio em Mykolaiv, a cerca de 480 quilômetros ao sul de Kiev, nas proximidades de Kherson e Odessa. Uma área residencial foi atingida. Não foi informado até o momento se houve feridos no ataque, que aconteceu antes do horário previsto para o cessar-fogo.

residencial - Reprodução/Serviço de Emergências da Ucrânia - Reprodução/Serviço de Emergências da Ucrânia

Prefeito morto

Nesta segunda, a administração de Hostomel, a cerca de 30 quilômetros de Kiev, informou que o prefeito da cidade, Yuriy Ilyich Prylypko, foi morto enquanto distribuía ajuda humanitária. Segundo o comunicado, ele e outras duas pessoas foram baleadas por russos.

"Morreu pela comunidade, morreu por Hostomel, morreu como herói. Lembrança eterna e nossa gratidão", diz o comunicado da prefeitura, divulgado nas redes sociais. "Dada a situação, não é possível convidar para o funeral, basta lembrar e orar."

Prefeito de Kiev, Klitschko lamentou a morte do colega."Ele estava com a comunidade até seu último suspiro. Ele cuidava das pessoas."

hostomel - Reprodução/Facebook/hostomelrada.gov.ua - Reprodução/Facebook/hostomelrada.gov.ua

China quer ajudar

A amizade entre China e Rússia permanece forte, apesar da condenação internacional da invasão russa da Ucrânia, afirmou o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, nesta segunda-feira (7), antes de destacar que seu país está disposto a participar em uma "mediação" de paz. "A amizade entre os dois povos é sólida como uma rocha e os projetos de cooperação entre as partes são imensos", disse Wang.

O ministro acrescentou que a China enviará ajuda humanitária à Ucrânia e que o país está disposto, "se for necessário", a "trabalhar com a comunidade internacional em uma mediação" para acabar com a guerra.

"China e Rússia, membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU [Organização das Nações Unidas], são (...) sócios estratégicos muito importantes um para o outro", respondeu ao ser questionado sobre a posição de Pequim a respeito das sanções internacionais contra Moscou. Wang considerou ainda que os dois países "contribuem" para a paz e estabilidade do mundo.

Homens tentam deixar a Ucrânia

O governo da Ucrânia relatou casos de homens que, escondidos em carros ou trens, tentaram deixar o país. Alguns fingiram ser estrangeiros.

Na fronteira com a Hungria, guardas encontraram um homem no porta-malas do carro, que era dirigido pela esposa. Em Chernivtsi, perto da Romênia, um jovem, de cerca de 25 anos, foi encontrado escondido em um automóvel. Ele foi preso por tentar subornar os guardas. Na fronteira com a Polônia, também foram registradas três tentativas de suborno para deixar a Ucrânia. Desde o início do conflito, homens com idade entre 18 e 60 anos estão proibidos de deixar a Ucrânia.

Mais de 1,5 milhão de pessoas deixaram o território ucraniano desde o início do conflito. Desse total, dois terços —cerca de 1 milhão— foram para a Polônia.

Do UOL*, em São Paulo

07/03/2022 05h13Atualizada em 07/03/2022 08h44

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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