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Polícia Civil e Perícia Oficial fazem reconstituição da morte de jovem morto por PM após empinar moto no MA
23/03/2024 09:07 em NOTÍCIA

A policial militar Sabrinna Silva, que é apontada como autora do disparo, participou da reconstituição junto com outras seis testemunhas, que estavam no local no dia da morte do jovem.

A Polícia Civil do Maranhão (PC-MA) e a Perícia Oficial realizaram, nessa quinta-feira (21), a reconstituição da morte do jovem Marcos Vinicius, de 20 anos de idade, que morreu baleado na porta de casa, durante uma perseguição policial, no dia 25 de fevereiro deste ano, em Governador Edison Lobão, cerca de 490 km de São Luís.

Marcos teria sido morto após fugir de uma abordagem policial, depois de ser flagrado empinando uma moto nas ruas da cidade, uma prática conhecida como dar 'grau'.

A policial militar Sabrinna Silva, que é apontada como autora do disparo, participou da reconstituição junto com outras seis testemunhas, que estavam no local no dia da morte do jovem.

A reconstituição do caso é um dos últimos passos para que o inquérito sobre o assassinato de Marcos Vinicius seja concluído.

A versão da PM foi a primeira a ser encenada. Sabrina teve que simular os três tiros que, segundo ela, disparou contra Marcos.

Durante o trabalho de reconstituição, familiares e amigos de Marcos Vinicius seguraram cartazes com pedido de justiça. Eles acompanharam, desde o início, cada passo dos trabalhos que a PC-MA e a Perícia Oficial iam realizando no local da execução.

Francidalva da Silva, mãe de Marcos, estava entre as pessoas que acompanharam o andamento do trabalho. Ela destacou que sente muita falta do filho e espera que a justiça seja feita.

“Ele era meu filho mais velho. Eu fui mãe e pai dele. Quem perdeu fui eu, que perdeu um filho. Que a justiça seja feita. Eu tenho fé em Deus que a justiça vai ser feita, sim”, disse Francidalva.

Outro parente da vítima presente no processo de reconstituição Lucas Mesquita, primo de Marcos. Para ele, a PM Sabrinna precisa pagar pelo que fez.

“A gente espera desde o início que seja feita a justiça, que o trabalho seja bem feito, porque, como a gente vê, consta materialidade. A mesma (Sabrina Silva) já confessou a autoria. Então, a gente só espera que a Polícia Civil faça um trabalho bem feito, escolha as provas e que ela pague pelo que fez. O Marcos não vai voltar, mas cada um tem que pagar por suas ações”, afirmou Lucas.

Isalaany Leão da Rocha, que estava com Marcos horas antes de ele ser morto, conta que a perseguição aconteceu enquanto voltavam para casa e que Sabrinna teria corrido atrás de Marcos quando ele começou a empinar a moto.

“A gente estava voltando e foi a hora que começou a perseguição. Ele empinou e ela correu atrás dele”, disse Isalaany.

Peritos fazem reconstituição do assassinato do jovem morto por PM ao empinar moto no MA

Laudos apontam três disparos

Ao todo, quatro laudos do ICRIM foram enviados à Delegacia Regional de Imperatriz, que conduz as investigações e terá 30 dias para concluir o inquérito.

O conteúdo completo dos laudos ainda não foram divulgados, mas já indicam que a presença de três projéteis de arma de fogo, sendo uma retirada do corpo de Marcos e outras duas encontradas no chão. Os projéteis serão analisados para comparar com o tipo de arma usado por Sabrinna no caso.

Desde o dia da morte de Marcos Vinicius, a policial Sabrinna está afastada das funções. Além do processo criminal, a PM também é alvo de um processo administrativo por parte da Polícia Militar do Maranhão, que apura a sua conduta na morte do jovem.

Ao g1, a defesa da policial militar afirmou, após ela ser presa, que "respeita a decisão judicial de prisão temporária sem, no entanto, concordar. Isso em razão da inexistência de fundamentos para tanto em virtude da Militar ter se apresentado espontaneamente e prestados todos os seus esclarecimentos".

A defesa diz, ainda, que "confia na justiça e o tempo revelará todos os atos de probidade perpetrados pela servidora".

PM é influencer e já foi homenageada na Câmara de Imperatriz

Polícia Civil e Perícia Oficial fazem reconstituição da morte de jovem morto  por PM após empinar moto no MA | Maranhão | G1

A policial Sabrinna Silva já era bastante conhecida na região de Governador Edison Lobão por também atuar como influenciadora digital nas redes sociais. Com mais de 87 mil seguidores no Instagram, Sabrinna costuma publicar vídeos de humor (veja no vídeo abaixo) e, ocasionalmente, sobre a trajetória de vida até se tornar policial militar.

PM Sabrinna Silva, que matou jovem que empinava moto, é influenciadora digital no Maranhão

Sabrinna também faz publicidade para lojas e, em 2022, chegou a receber uma moção de aplausos da Câmara Municipal de Imperatriz em um caso envolvendo um assaltante em fuga, em abril de 2021.

Na época, Sabrinna deteve o assaltante, mesmo quando estava fora de serviço. Por isso, foi homenageada pela Câmara de Vereadores.

Atualmente, Sabrinna Silva é Cabo e atua no 3º Batalhão de Polícia Militar (3º BPM) de Imperatriz, cidade vizinha a Governador Edison Lobão.

Sabrinna matou jovem que fazia 'grau' em moto

Segundo a polícia, Marcos Vinicius, 20 anos de idade, estava empinando a moto em Governador Edison Lobão. A prática, conhecida como 'grau', é tipificada como infração gravíssima de trânsito pelo risco que provoca às outras pessoas.

De acordo com o Artigo 244 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), quem 'estiver fazendo malabarismo ou equilibrando-se apenas em uma roda' estará sujeito a multa, suspensão do direito de dirigir, e ainda pode ter o veículo recolhido junto com o documento de habilitação.

No último domingo (25), Marcos teria sido flagrado, por policiais, 'dando grau' na moto. Ele foi abordado, mas desobedeceu a ordem de parada e foi perseguido por uma viatura da PM.

O coronel Magalhães, comandante da PM-MA do interior, informou que a guarnição, envolvida no caso, registrou ocorrência na delegacia relatando que um grupo de motociclistas estava em atitude suspeita, e a guarnição iniciou o acompanhamento tático, que terminou com a morte de Marcos Vinicius.

“Em determinado momento o grupo se espalhou e a guarnição perdeu o contato. No segundo momento, uma das motos que estavam nesse grupo encontrou novamente a guarnição e empreendeu fuga em atitude suspeita. Em uma determinada rua, a moto fez a volta e veio de encontro à viatura da Polícia Militar, momento em que a viatura manobrou e, nesse momento, o cidadão empreendeu fuga em um terreno e a policial militar desembarcou da viatura e, depois disso, culminou com os disparos e no caso veio o óbito desse cidadão”, explicou o coronel Magalhães.

Marcos foi atingido com um tiro nas costas, na frente da própria mãe, na porta de casa, segundo a perícia oficial. Um dos tiros também acertou a moto da vítima, quebrando a corrente.

“Ela já vinha perseguindo ele e atirando nele. A moto já não estava funcionando, ele vinha só empurrando a moto com o pé e ela atirando pedindo para ele parar e ele continuou andando. Eu falei para ele, ‘meu filho, pelo amor de Deus, larga essa moto, entrega essa moto’. Aí eu corri pra ela e pedi, ‘oh, mulher, pelo amor de Deus, não mata meu filho não’. Mas ela continuou atirando. Ele saiu empurrando a moto e ela atirando nele e matou meu filho, ele morreu na porta de casa”, contou a mãe da vítima, Francidalva da Silva.

O corpo de Marcos Vinícius da Silva foi velado na casa da família e enterrado no cemitério de Governador Edison Lobão. A morte do jovem causou comoção na cidade e motivou um protesto por justiça.

O jovem trabalhava como auxiliar de serviços gerais em uma fábrica de rações. Segundo os amigos dele, a moto que Marcos usava havia sido comprada assim que o jovem começou a trabalhar. Nos fins de semana, ele se divertia com os amigos fazendo acrobacias com a moto.

Por g1 MA e TV Mirante

22/03/2024 19h01  Atualizado há 13 horas

 

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