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Mesmo com posse de terra reconhecida pela Justiça, trabalhadores rurais denunciam ação de jagunços em comunidade no MA: ‘Me arrastaram pelo cabelo’
21/11/2023 08:56 em NOTÍCIA

Nos últimos dois anos, o conflito agrário na comunidade Gado Bravinho se agravou após líderes do local começarem a sofrer ameaças de morte.

Trabalhadores rurais de Balsas, no Sul do Maranhão, denunciam a ação de jagunços no assentamento Gado Bravinho, mesmo após a Justiça reconhecer o direito de posse da área pelos camponeses.

Em abril deste ano, uma decisão da juíza Lais Durval Leite, da Vara Federal de Balsas, determinou a reintegração de posse de dois mil hectares do projeto de assentamento Gado Bravinho, em favor do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

Pela decisão, Francisca Regina Alencar da Silva e João Vilmar Carvalho de Sousa, que afirmam ser os legítimos donos da área, deveriam desocupar o local em 72 horas.

Mas, segundo os líderes do projeto, a ordem ainda não foi cumprida, e o casal estaria usando máquinas pesadas para desmatar a área onde as famílias serão assentadas.

“A gente ficou muito feliz com a decisão da Justiça, mas pelo fato de eles ainda continuarem lá fazendo serviço, ficamos tristes. Porque alimentou a nossa esperança de que nós íamos voltar pro nosso canto, reerguer nossas coisas e trabalhar novamente”, disse o trabalhador rural Francisco de Assis.

Em março deste ano, o Ministério Público Federal (MPF) também já havia dado parecer favorável para garantir a posse de famílias da comunidade Gado Bravinho, e recomendado que fosse iniciado o processo de divisão dos lotes.

Conflito é antigo

O conflito agrário na área começou há cerca de 10 anos, quando o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) deu início a um projeto de assentamento na zona rural de balsas. Nos últimos dois anos, a situação se agravou após líderes do local começarem a sofrer ameaças de morte.

De acordo com boletins de ocorrência, pelo menos 10 ameaças foram registradas nesse período. Em abril do ano passado, homens armados invadiram o assentamento e atearam fogo na residência de Raimundo de Assis Pereira, presidente de uma associação local de produtores.

A trabalhadora rural Ivonete Silva conta que, ainda durante essa ação criminosa, foi agredida pelos jagunços, sendo arrastada pelos cabelos e amarrada.

“Me levaram pelo meu cabelo, me arrastando. Aí quando chegou perto da ladeira, deram dois tiros no Raimundo, que vinha vindo pra me socorrer e pra ver o que tava acontecendo. Aí voltaram comigo pra dentro de casa, me amarraram em um galho de pé de caju. Nesse momento, acho que pra eu não reconhecer eles, pegaram um balde e colocaram aqui [na minha cabeça]”, disse Ivonete.

O que diz o INCRA

À TV Mirante, a superintendência do INCRA no Maranhão disse que acompanha o caso, e que aguarda o cumprimento da ordem judical para dar andamento no assentamento das famílias cadastradas.

Uma empresa contratada pelo órgão já deu início ao processo de georreferenciamento da área, que vai ajudar a definir o tamanho de cada um dos lotes para as famílias que já estão cadastradas no programa de reforma agrária.

Por g1 MA e TV Mirante — São Luís

20/11/2023 23h21  Atualizado há 9 horas

 

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