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Variante do HIV mais transmissível e agressiva é encontrada na Holanda
04/02/2022 09:23 em SAÚDE

Carga viral de 3 a 5 vezes maior

O HIV tem alguns subtipos, fortemente relacionados à localidade. Por exemplo, na África, os subtipos mais comuns são A, C e D; na Europa, o subtipo B. Segundo um estudo publicado no ano passado, no Brasil, o subtipo B também é o mais frequente.

Wymant explica que, dentro dos subtipos, há a ramificação em variantes.

"Encontrar uma nova variante é normal, mas encontrar uma nova variante com propriedades incomuns não é. Especialmente uma com maior virulência", diz o pesquisador.

"O pior cenário seria a emergência de uma variante que combina alta virulência, alta transmissibilidade e resistência ao tratamento. A variante que descobrimos tem apenas as duas primeiras dessas características."

No momento do diagnóstico, antes do tratamento, pessoas com a variante VB apresentaram uma carga viral 3,5 a 5,5 vezes maior do que aquelas com outros tipos de HIV; a taxa de declínio das células CD4 foi duas vezes mais veloz, colocando-as sob risco de desenvolver a Aids muito mais rápido.

Os pesquisadores dizem que, possivelmente, a variante foi resultado de mutações que aconteceram ao longo do tempo e só foi revelada agora por alguns motivos —como o fato de o sequenciamento genético de amostras de pessoas com HIV ser relativamente recente.

A investigação sobre a variante começou porque cientistas envolvidos no projeto BEEHIVE detectaram 17 indivíduos com uma carga viral atipicamente alta. O BEEHIVE foi criado em 2014 com o objetivo de monitorar a influência da genética nas infecções pelo HIV, e faz isso acompanhando a saúde de pacientes em países da Europa e em Uganda. Conforme os pesquisadores foram analisando geneticamente as amostras destes e mais pacientes, detectaram uma nova variante.

"Consideramos que o vírus (na forma da variante VB) emergiu apesar de um forte programa de tratamento na Holanda, e não por causa dele. O outro lado da moeda é que o excelente monitoramento na Holanda tornou mais provável a detecção de uma variante como essa", aponta Wymant.

Mariana Alvim - Da BBC News Brasil em São Paulo

03/02/2022 16h42

 

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